terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Meu filho não come!


Crianças enjoadas para comer sempre deixam os pais preocupados. Saiba como lidar com elas.

A hora da refeição mais parece uma guerra. De um lado da trincheira, pais desesperados ou enfurecidos. De outro, o pequeno tirano controla a situação e vence mais uma batalha, mantendo a atenção sobre si.

É isso mesmo: a criança usa a comida como forma – inconsciente –de exercer controle no ambiente. “As mães têm uma preocupação muito forte em alimentar o filho. Quando ele não come, elas sofrem. E a atenção se volta para a criança. Os filhos manipulam a gente o tempo todo. É um ‘programa’ que nasceu com eles”, diz o pediatra, homeopata e acupuntor Cícero Alaor Kluppel.

Mudança de hábito

Como fazer a reeducação alimentar do seu filho:
- Primeiro, elimine o estresse na hora das refeições. Não torne a criança o centro das atenções. Se ela comer, não faça festa. Se não comer, não faça comentários nem insista. Um “tudo bem” basta.
- Não dê outros alimentos. Se a criança disser que está com fome, ofereça o mesmo prato.
- Evite distrações como televisão.
- Dê o exemplo. Não adianta querer que a criança coma frutas e legumes se os pais não comem.
- Estabeleça regularidade nas refeições.
- Mude a apresentação dos alimentos: cozido, cru, assado.
- Introduza novos alimentos sistematicamente. O paladar pode demorar em se adaptar a um novo sabor, muitas vezes é necessário insistir.
- Seja criativo. Aposte em pratos coloridos e comidas enfeitadas. Faça sucos, espetinhos de frutas com chocolate, coloque frutas no iogurte.
- Retire o prato se a criança parar de comer por 15 minutos ou se ela se tornar agressiva.
- Ofereça frutas, verduras e legumes em todas as refeições.
- Não dê opções fora do que está na mesa.

Depois da refeição frustrada, a mãe, compadecida, dá outro alimento para o filho, geralmente bolachas, iogurtes ou salgadinhos. No fim, a criança ingere as calorias necessárias, porém pobres de nutrientes.

Dá trabalho, mas é possível quebrar esse círculo vicioso (veja dicas no box). “É preciso um empenho muito grande, muita disciplina, paciência e força de vontade dos pais”, alerta a pediatra Eliane Cesário Maluf, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e da Universidade Positivo.

A criança vai estranhar, pode fazer birra, mas os pais precisam de firmeza nesse processo. “A criança tem de entender que precisa comer nos horários certos os alimentos corretos para aquele horário”, diz a nutricionista clínica Luciana Laffitte.

Para pais mais resistentes, Eliane lembra os efeitos que uma alimentação baseada em produtos industrializados pode ter na saúde da criança: de problemas vasculares e cardíacos a déficit de crescimento.

Suplementação?
Antes de qualquer coisa, é preciso fazer um diagnóstico. Há algumas doenças que reduzem o apetite, como hipotireoidismo, verminoses, deficiência de zinco e depressão. Por isso, é importante afastá-las, mesmo que a maioria dos enjoados para comer sejam saudáveis. Outro motivo para fazer uma investigação é quando a criança está abaixo do peso e/ou da altura.

Antigamente, as mães recorriam a suplementos de vitaminas e ou­­tros remédios. Hoje, os médicos indicam os complementos apenas se os exames indicarem al­­gum déficit de nutrientes e so­­mente durante o processo de reeducação alimentar. “É preciso mudar o hábito alimentar da criança. É um desafio, mas é a solução definitiva”, afirma Eliane.

Serviço:
Cícero Alaor Kluppel (pediatra, homeopata e acupuntor): www.cicerokluppel.com.br/ Eliane Cesário Maluf (pediatra): (41) 3225-3511 / Luciana Laffitte (nutricionista clínica): (41) 3335-2663.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

sábado, 28 de agosto de 2010

Crianças com excesso de peso lutam contra 'vontade de comer besteira'

28/08/2010 08h35 - Atualizado em 28/08/2010 08h35

Crianças com excesso de peso lutam contra 'vontade de comer besteira'
33% entre 5 e 9 anos e 20% entre 10 e 19 anos estão acima do peso.
Em São Paulo, ONG ajuda na reeducação sobre hábitos alimentares.

Mariana Oliveira
Do G1, em São Paulo

Larissa e José Ricardo praticam atividades físicas e controlam a alimentação contra o excesso de peso; Larissa já emagreceu 18 quilos. José Ricardo da Silva Barbosa, de 12 anos, começou a engordar aos 3 anos de idade. A família achava que ele era apenas gordinho, que não havia problemas. O pediatra, porém, alertou a família sobre os perigos do excesso de peso.

"Ele comia muito fora do horário, bastante besteira, bolacha, e não costumava fazer atividades. Ficava sentado na frente da televisão. Só fazia exercício na escola. Não chegou a ter problema de saúde, mas se continuasse como estava, poderia ter", conta a avó Cleuza.

José Ricardo hoje pesa 58 quilos e está acima do que deveria, de acordo com a especialista que o acompanha. O menino diz que é "difícil" emagrecer. "Sinto vontade de comer besteira, sinto falta das frituras, de coxinha", contou ao G1. A avó afirma que foi complicado fazê-lo abandonar o hábito de comer sempre com farofa como acompanhamento. "Ele gostava muito, mas não pode."

Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que quase metade da população brasileira (49%) com 20 anos ou mais está com excesso de peso. Entre as crianças de 5 a 9 anos, uma em cada três (33,5%) tem excesso de peso e 14,3% são obesas. Já entre os adolescentes de 10 a 19 anos, 20,5% têm excesso de peso e 4,9% apresentam obesidade.

A irmã de José Ricardo, Larissa, de 14 anos, também briga com a balança. O problema deles não é genético, segundo a avó. Ela chegou a pesar 94 quilos. Em dois anos, desde que entrou em um projeto para ajudar crianças e adolescentes obesos, emagreceu 20 quilos. Hoje está com pouco mais de 76 quilos, ainda acima do considerado normal para sua idade. "Estou me sentindo bem melhor agora", conta Larissa, que afirma que tenta comer em menor quantidade os alimentos que engordam.

A avó afirma que a mudança nos hábitos alimentares da neta foi radical. "Antes ela comia quatro pedaços de pizza, agora come um e meio. Ela gosta de comer besteira, mas sabe que não faz bem."

Júlia Lavorenti tem 10 anos e pesa 53 quilos. Ela está acima do peso. A avó Maria Morena Lopes conta que a menina começou a engordar aos 6, 7 anos. "Ela comia certinho, na hora do almoço. A gente não dava besteira. Mas depois que a irmãzinha nasceu, acho que ela ficou com ciúme e começou a comer doces escondida. Ela subia nas cadeiras da cozinha e comia escondida bolacha, chocolate, brigadeiro. Chegava a esconder os papéis do chocolate para a gente não brigar. Cheguei a suspeitar que tinha tireóide, mas não era. Ela foi engordando aos pouquinhos", conta a avó.

A saída para ajudar Júlia foi cortar as besteiras. "Na lancheira da escola, a mãe só coloca lanche natural, fruta, todos os dias."


Júlia, de 10 anos, pesa 53 kg e está acima do peso. Ela participa de projeto que incentiva mudança de hábitos alimentares e prática de exercícios (Foto: Daigo Oliva / G1)Projeto
José Ricardo, Larissa e Júlia participam das atividades do Instituto Movere, na Zona Leste de São Paulo, que ajuda crianças e adolescentes de baixa renda que lutam contra a obesidade. Em atuação desde 2004, o projeto atua para reeducação dos hábitos alimentares e incentivo a atividades físicas. Três vezes por semana, as crianças participam das atividades, que inclui aula de culinária com alimentos saudáveis.

A presidente da entidade Vera Lúcia Perino Barbosa, especialista em Nutrição Infantil, diz que os pais não devem proibir alimentos gordurosos, mas sim controlar a quantidade. "Tudo o que se proíbe é mais gostoso. Sentindo falta de coxinha, pode comer. Faz um dia da coxinha em casa, duas para cada pessoa da família. Não pode é todo dia. É preciso controlar a quantidade e incentivar a prática esportiva."

Vera afirma que o excesso de peso deve ser controlado o quanto antes para evitar problemas cardíacos precoces.

saiba mais

- Em 10 anos, obesidade pode atingir 2/3 dos brasileiros, diz Temporão- Reação à obesidade tem se limitado a discurso repetitivo, diz especialista
A nutricionista conta que o projeto tenta mostrar aos pais que eles são fundamentais para a mudança da cultura que favorece o aumento das crianças acima do peso. "Não se pode falar que os pais tenham culpa. Mas em muitos casos os pais suprem a falta de tempo com alimentos. Trocam o afeto, o carinho, por alimento. É preciso mudar esses pré-conceitos. Não posso levar um livro e ler junto com o meu filho?", comentou a nutricionista.

A endocrinologista Rosana Radominski, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), comenta que o aumento das pessoas acima do peso é "sinal da modernidade". "Há um aumento do sedentarismo por causa da violência, da comunicação pela internet. Ao mesmo tempo não se tem comida saudável por causa da falta de tempo."

Para ela, é essencial investir na prevenção da obesidade infantil. "Aí, é que está o foco. É mais barato investir na prevenção. O problema são as doenças que vêm junto, excesso de colesterol, hipertensão, piora da asma, sono, mau rendimento escolar. A saída é uma mudança na forma de pensar. Criança gordinha não é criança saudável. É preciso estimular amamentação, peso saudável na gestação, mastigação adequada. A criança precisa voltar a brincar, estimular os exercícios. Pular corda tem que voltar a ser moda".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Brasileiro está mais gordo, de acordo com nova pesquisa do IBGE

A população brasileira está ficando mais gorda, em velocidade acelerada. O excesso de peso já atinge metade da população adulta; uma em cada três crianças (de 5 a 9 anos); e um quinto dos adolescentes no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje, o instituto divulgou o levantamento Antropometria - Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil - da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009.
Para o levantamento, foram entrevistadas 188.461 pessoas, sendo 93.175 homens e 95.286 mulheres, entre maio de 2008 e maio de 2009. A população acima do peso está espalhada em todas as regiões, com leve prevalência no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O problema atingiu cerca de metade dos adultos em todas as regiões, com destaque para o Sul (56,8% dos homens, 51,6% das mulheres) e Sudeste (52,4 e 48,5% para homens e mulheres respectivamente). Os menores índices de sobrepeso para homens estão no Nordeste (42,9%) e, para mulheres, no Centro-Oeste (45,6%). Entre as mulheres, a obesidade atingia quase um quinto das mulheres no Sul (19,2%) e a participação dos obesas nas populações das regiões só esteve abaixo dos 10% para as moradoras do Nordeste (9,9%).
Ainda segundo o levantamento, o aumento de peso em adolescentes de 10 a 19 anos foi contínuo nos últimos 34 anos, e foi mais freqüente em áreas urbanas do que em rurais, em ambos os sexos.
O IBGE informou ainda que, na população de 20 anos ou mais, o sobrepeso no sexo masculino saltou de 18,5% em 1974-1975 para 50,1% em 2008-2009. No sexo feminino, o avanço foi menos intenso, e a participação saltou 28,7% para 48%, no mesmo período.
Embora o instituto tenha detectado pessoas com excesso de peso em todas as faixas de renda, entre os homens a concentração de pessoas mais obesas é maior no grupo dos 20% mais ricos, entrevistados para a análise. Entre os homens adultos, 61,8% dos 20% mais ricos estavam acima do peso, ante 36,9% no grupo dos 20% com menor rendimento. No caso das mulheres, as proporções ficaram em 47,4% e 45%, nos grupos das 20% mais ricas e das 20% mais pobres, respectivamente. Entretanto, a obesidade atingia quase um quarto (23,6%) das crianças do sexo masculino de maior renda - sendo que alcançava 10,8% das crianças em faixa de renda menos elevada.
O levantamento também mostrou que a altura mediana dos brasileiros jovens está praticamente coincidente com a curva padrão recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O declínio do déficit de altura é um dos fatores que servem para medir a redução na desnutrição infantil, e a pesquisa confirma a progressiva redução desse problema. Entre as pesquisas de 1974-1975 a de 2008-2009, a predominância de déficit de altura em ambos os sexos em crianças de 5 a 9 anos recuou de 29,3% para 7,2%.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Refeição em família ajuda a prevenir obesidade infantil


Além de ter o prato repleto de verduras e legumes, ter mais refeições em família pode ser o segredo para prevenir a obesidade infantil, de acordo com estudo feito pela Universidade Harokopio, na Grécia. Segundo os especialistas, a análise de mais de mil crianças mostrou que aquelas que comiam à mesa com os pais e consumiam mais vegetais eram mais saudáveis do que as crianças que não tinham esses hábitos alimentares.

O estudo recentemente publicado no Journal of Pediatrics contou com a análise de dados de crianças com idades entre nove e treze anos. Assim, os pesquisadores puderam observar que as famílias que normalmente preparavam o almoço e o jantar - ao invés de investirem em lanches nessas refeições - eram mais propensas a terem maior ingestão de vegetais e de terem seus filhos à mesa durante as refeições. E esse padrão alimentar foi associado à crianças com um menor índice de massa corporal (medida do peso em relação à altura), menor circunferência da cintura e menos gordura corporal. Os outros quatro padrões identificados foram: "alimentação desregrada, consumo de fast food e alimentos açucarados e estilo de vida sedentário"; "alimentação rica em fibras"; "café da manhã constante", e "exercícios físicos, consumo de frutas e vegetais". Porém, esses padrões não tiveram efeitos positivos nesse sentido.

De acordo com os pesquisadores, ainda não está claro porque apenas o padrão "refeições familiares/ vegetais" foi associado a um menor peso das crianças. Entretanto, eles destacam que os hábitos de se ter refeições em família e de cozinhar pode significar que as crianças tenham maior adesão à tradicional dieta mediterrânea - rica em vegetais, azeite de oliva, grãos integrais e peixes. Apesar de as crianças do estudo terem sido avaliadas uma única vez, os pesquisadores destacam que esse padrão alimentar pode ser uma "potencial abordagem preventiva" para combater a obesidade infantil.
Para combater à obesidade infantil

Além de se sentar à mesa com seu filho para fazer as refeições, pequena hábitos podem ajudá-lo a se alimentar de maneira mais saudável. Confira as dicas abaixo da nutricionista Roberta Stella, do Dieta e Saúde.

- Prato do tamanho certo: durante o crescimento do bebê, é normal observar mudanças na quantidade de alimentos ingerida. No primeiro ano de vida, a criança apresenta um rápido desenvolvimento. Após completar um ano, a velocidade de crescimento diminui e, consequentemente, a quantidade de alimentos ingerida tende a ser menor. Por isso, não vale ficar preocupada se o seu filho começa a ingerir menos alimentos do que você espera.

- Horários regrados: se o almoço na sua casa é ao meio-dia, nem pense em dar uma mamadeira para a criança perto desse horário. Claro que o apetite vai sumir. As refeições realizadas junto à família incentivam a criança a comer e despertam o apetite dela para alimentos diferentes. Por isso, é importante incluir sempre sabores novos no cardápio e experimentá-los na companhia do seu filho.

- Dê exemplo: os hábitos alimentares da família servem de exemplo para a criança. Se as pessoas ao redor consomem refrigerantes, frituras, salgadinhos e, oferecem à criança frutas, sucos e legumes, certamente, ela terá mais resistência para aceitar esses alimentos que não são hábitos da família.

- Espante a preguiça: parece loucura, mas algumas crianças têm preguiça de comer. Entretidas com outras atividades, elas não sentem a menor vontade de interromper a brincadeira para exercitar a mastigação ainda mais quando o prato está muito cheio e o tempo perdido pode ser grande. Para ajudar nesse problema é ideal usar o aumento gradual na quantidade de comida e gratificações logo após as refeições. Brincadeiras também são bem vindas.

- Cozinhem juntos: prepare o menu com a ajuda da criança. Peça sugestões para ela, mas não deixe de direcionar o cardápio. Use a oportunidade para mostrar a importância balancear as refeições, consumir alimentos saudáveis e restringir aqueles mais calóricos e com menor qualidade nutricional.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chimarrão, café ou chocolate quente?

No frio, elas são as bebidas preferidas dos brasileiros. E têm muito em comum: são responsáveis por uma sensação de bem-estar e auxiliam no combate a doenças. Mas se consumidas em exagero, também podem levar ao vício, aumento da pressão arterial e reduzir a absorção de ferro e de outros nutrientes. O jeito é consumir com moderação.


Lilo Barros, especial para a Gazeta





Chimarrão

Tem como base a erva-mate, que ajuda na prevenção do envelhecimento precoce, atua como cicatrizante e facilita o emagrecimento. “Mas é importante reforçar que as pessoas devem ter hábitos saudáveis de vida, como comer bem e fazer exercícios”, explica a bióloga Luciana Nowacki, mestre em farmacologia, que há cinco anos estuda os efeitos da planta.
Por outro lado, a erva do chimarrão pode causar insônia. Ela também tem um alto grau diurético, promovendo a eliminação de grandes quantidades de nutrientes do corpo. Como é consumida muito quente, a bebida pode provocar a perda parcial do paladar e favorecer a formação de tumores na boca e no esôfago. A água do chimarrão não pode chegar ao ponto de ferver.

Chocolate quente

Vilão das dietas, por ser muito calórico, o chocolate é mocinho na luta contra o estresse, depressão e mau humor. Ele está ligado a uma sensação de satisfação e bem-estar. Quem afirma é o nutrólogo Marco Cassou, que alerta: “como qualquer outro produto, é preciso ter cuidado com a origem e a qualidade desse chocolate”. Quanto mais amargo, mais cacau ele tem, o que previne os efeitos do envelhecimento precoce e as doenças do coração.
Pessoas mais sensíveis a alguns de seus componentes, como a lactose, podem sofrer de irritações na pele, estômago e intestino. O consumo em excesso pode ainda provocar diarreia. Quem tem problemas no fígado e diabete deve ter cuidado redobrado, por causa dos níveis de gordura e açúcar. “O chocolate pode não ser a causa da acne, mas favorece o surgimento delas”, acrescenta a nutricionista Luisa.


Café


“Ele é um estimulante que causa bem-estar, vigor e também resistência para exercício físico”, esclarece a nutricionista Luisa Amabile Wolpe Simas, professora das Faculdades Integradas Espírita. Além disso, a bebida ajuda no combate à depressão, doenças do coração, emagrecimento e prevenção de alguns tipos de câncer. E sim, o cafezinho com açúcar ameniza os efeitos do excesso de álcool.

Já doses elevadas de café podem gerar taquicardia, insônia, ansiedade, aumento da pressão arterial e problemas gástricos, como azia. A adição de açúcar pode intensificar alguns desses problemas. “A diferença do café descafeinado, que não tem cafeína, para o normal é que ele não estimula tanto o corpo. Só que pra retirar essa cafeína dos grãos são utilizados alguns produtos que podem ser mais nocivos à saúde”, pondera Luisa.

terça-feira, 27 de julho de 2010

O que seu filho come na escola?


Publicado em 21/07/2010 Anna Simas - Gazeta do Povo

A escola também é responsável pelo desenvolvimento de bons e maus hábitos alimentares entre crianças e adolescentes, já que é lá que eles passam pelo menos um terço do dia. As cantinas escolares de Curitiba são, desde 2005, proibidas por lei de venderem comidas não saudáveis. Mas isso não garante que as crianças estejam livres de uma alimentação ruim dentro dos colégios.


Conheça os principais perigos que rondam o ambiente escolar e o que os pais devem fazer para evitar que os filhos façam parte do grupo de 22% das crianças que estão acima do peso no país, dado divulgado em junho por uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Café se toma em casa

Antes de ir para a aula o estudante deve tomar café da manhã em casa e em quantidade suficiente. Isso evita que chegue na escola e coma na cantina antes de entrar em sala. Se ele toma café correndo ou ingere qualquer coisa porque acordou atrasado, vai comer em excesso depois. A nutricionista da Escola Saint Michel, Marcela Laufert Caran, explica que é comum os jovens comerem em panificadoras ao redor do colégio antes de entrar. “Geralmente optam por fritura, massa, doce ou algum produto industrializado, o que faz muito mal para a saúde.”

Se o aluno vai com muita fome para a hora do intervalo, a tendência é comer uma quantidade acima da ideal.”Tem criança que não se contenta apenas com sua fruta ou salgado assado. Come os seus e ainda o de algum colega que não queira. Então, o que era para ser saudável passa a fazer mal pela grande quantidade”, conta Marcela.

O médico endocrinologista e membro da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, Amélio Fernando de Godoy Matos, diz que o ideal é que antes de sair de casa pela manhã o jovem coma pelo menos uma fruta, uma fatia de pão integral, leite desnatado sem açúcar ou com adoçante, queijo e, no máximo duas vezes por semana, um ovo. “Se seguir isso ele vai sentir menos fome na hora do intervalo e ter pouca chance de ganhar peso.”

Perigo no bolso

Ao contrário das cantinas, lanchonete, banca de revistas, carrinho de doce e pipoca e panificadora ao redor das escolas não têm restrição à venda de alimentos. Para os menores, que ainda não ganham dinheiro dos pais, não há perigo, mas a partir dos 11 anos, quando a criança começa a ganhar dinheiro para o lanche, o acesso ao que faz mal é mais fácil.

Balas e chicletes são os principais vilões consumidos com aquela verba que sobra. Muitas crianças compram antes de entrar na escola ou na hora do intervalo. “Tem aluno que chega com o bolso cheio e distribui para todo mundo. Dentro de sala não é permitido comer porque o excesso de doce tira a concentração, mas na hora do recreio não tem como controlar”, conta Marcela.

Uma dica sugerida pela nutricionista da Escola Umbrella e do Hospital Evangélico de Curitiba, Lígia Maria Michelin, é que os pais conheçam os valores exatos do lanche da cantina e deem apenas o necessário para que não sobre para comprar outros alimentos. Se a escola permitir, podem também pagar por todo lanche do mês antecipado para que os filhos não precisem de dinheiro. Ela lembra que é fundamental que os pais não tenham no armário de casa qualquer guloseima, pois alguns jovens pegam escondido e levam para comer na escola.

Dentro da lancheira

O que vai dentro da lancheira pode contribuir para a alimentação saudável ou ser um veneno. O segundo caso acontece quando os pais não têm consciência dos malefícios ou, por falta de tempo, preferem os alimentos prontos e industrializados mais práticos, como bolachas recheadas, chocolates e salgadinhos.

A nutricionista do Colégio Dom Bosco, Andréa Lúcia Tetti, explica que o lanche preparado pela família deve seguir a mesma regra que as nutricionistas usam no cardápio da escola. “Tem de combinar uma proteína, como carne ou queijo, fibras, como frutas e verduras, e carboidratos, como o pão. Os doces não estão totalmente proibidos, mas devem ser consumidos em pequenas quantidades e não todos os dias da semana.”

Um dos problemas que os pais podem enfrentar quando mandam o lanche do filho é que ele se interesse pelo o que o colega come, o que é bastante comum entre as crianças. Mas, quando a maior parte delas leva comidas saudáveis, o exemplo passa a ser positivo e até estimula que o outro queira provar um alimento que nunca experimentou. “Tem aluno que só consome determinada fruta na escola, mas em casa não. Isso acontece porque ele vê que todos comem e quer fazer parte do grupo”, conta Lígia.

Desistir, nunca

Se a criança ou jovem experimentar pela primeira vez na escola algo saudável não significa que criará um hábito. É comum que ela continue com resistência ao alimento. Nessa hora a família precisa ter pulso firme, principalmente com os menores, e insistir sempre. A coordenadora da educação infantil da Escola Umbrella, Anna Carolina Jordan, sugere que os pais tentem oferecer o alimento pelo menos dez vezes e em dias espaçados.

Mas a falta de tempo dos pais pode levar à desistência ou ao uso do castigo, que não funciona a longo prazo. “Não recomendamos isso de maneira alguma, porque se você fala para seu filho que se ele não comer tal alimento não vai brincar, por exemplo, ele pode reverter a situação e fazer uma chantagem, pedindo algo em troca para se alimentar”, explica Anna Carolina.

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De filho para pai

Existe um consenso entre nutricionistas e professores de que o hábito alimentar vem de casa, mas a escola hoje é fundamental na hora de consolidar o que é saudável ou transformar o que está errado, atingindo inclusive os pais. Se­­gundo a Diretora do Colégio No­vo Ateneu, Vera Julião, as crianças levam muito a sério o que o professor fala e isso se reflete quando estão com a família, pois ensinam os próprios pais. “É curioso ver que quando pai e mãe não mudam de comportamento e mandam lanches não saudáveis, as outras crianças repreendem o colega e cobram dele que coma o que a professora diz fazer bem à saúde”, afirma.

No mesmo colégio os pais podem, se agendarem com antecedência, almoçar com os filhos para saber o que eles comem. Sentam juntos à mesa, recebem a mesma bandeja de alimentos. Vera conta que as regras são iguais para todos e, que no começo do ano, eles bebiam suco durante o almoço, mas hoje sabem que faz mal à digestão e mudaram de comportamento. “Isso é apenas um dos exemplos de como a escola modifica o comportamento da família.”

Para os mais velhos, principalmente adolescentes, nem sempre a orientação das professoras funciona. A nutricionista da Escola Saint Michel Marcela Laufert Caran explica que para essa idade a preocupação com a aparência é grande, e o que faz com que eles mudem de hábito alimentar são o excesso de peso ou alguma doença que possa comprometer atividades que gostam de fazer.

Lucas Pavelski, 15 anos, descobriu que estava com o colesterol alto, conversou com a mãe, Valdeni da Silva Pavelki, e decidiram pedir ajuda à nutricionista da escola para orientar na dieta em casa e no colégio. “Antes eu dava dinheiro para ele comprar sanduíche e percebia que muitas vezes ele comia na panificadora da esquina. Hoje ele leva lanche de casa que eu preparo de acordo com o que ela me ensinou e com o que ele aprendeu lá. Quase todo dia tem água de coco com algum biscoito integral”, conta a mãe.

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Mão na massa

Ir à cozinha para aprender. Esta é a lição dada em algumas escolas de Curitiba para facilitar a conscientização sobre alimentação saudável. As professoras levam as crianças ao local onde é preparado o lanche e enquanto elas ajudam a nutricionista, recebem orientações e entendem porque é importante comer aquela verdura que parece tão ruim.

A nutricionista do Colégio Dom Bosco, Lúcia Tetti, conta que os pe­­quenos preparam uma vez por semana salada de frutas, suco, salada de verduras, sopa e modelam bolinhos com açúcar mascavo, um ingrediente novo para a maioria dos alunos. “Quando en­­­tram em contato com o alimento que preparam sen­­­tem mais vontade de degustar, inclusive aquilo que não conhecem. Então fica mais fácil apresentar sabores até então desconhecidos. Elas rejeitam menos. Sem contar que é uma grande diversão para os alunos, porque é uma atividade que foge da rotina”.

Além de noções alimentares os estudantes têm também reforço de Matemática e Português, pois as receitas envolvem noções de leitura e interpretação de texto, assim como cálculos matemáticos simples. A diretora de educação infantil da mesma escola, Maria Lúcia Cas­tellano, conta que antes de irem à co­zinha, os alunos têm em sala lições sobre as consequências de uma má alimentação. “Ten­tamos incluir o assunto nos planos de aula pelo menos uma vez por semana, seja na jardinagem, educação física ou ciências.”

Na Escola Umbrella a aula de culinária também acontece, mas existe outra forma de incentivar as crianças a comerem alimentos saudáveis. Duas vezes por semana elas fazem um piquenique no bosque da escola e os professores sentam junto para comer e conversar. “Muitos alunos seguem o comportamento do professor. Se ele come algo diferente e diz que é bom, os outros vão querer experimentar”, explica a coordenadora da educação infantil da escola, Anna Caro­lina Jordan. Mas, se ainda houver resistência dos estudantes ela trabalha com formas lúdicas, como cortar os alimentos em formato de figuras ou enfeitar pratos e copos.