sábado, 28 de agosto de 2010

Crianças com excesso de peso lutam contra 'vontade de comer besteira'

28/08/2010 08h35 - Atualizado em 28/08/2010 08h35

Crianças com excesso de peso lutam contra 'vontade de comer besteira'
33% entre 5 e 9 anos e 20% entre 10 e 19 anos estão acima do peso.
Em São Paulo, ONG ajuda na reeducação sobre hábitos alimentares.

Mariana Oliveira
Do G1, em São Paulo

Larissa e José Ricardo praticam atividades físicas e controlam a alimentação contra o excesso de peso; Larissa já emagreceu 18 quilos. José Ricardo da Silva Barbosa, de 12 anos, começou a engordar aos 3 anos de idade. A família achava que ele era apenas gordinho, que não havia problemas. O pediatra, porém, alertou a família sobre os perigos do excesso de peso.

"Ele comia muito fora do horário, bastante besteira, bolacha, e não costumava fazer atividades. Ficava sentado na frente da televisão. Só fazia exercício na escola. Não chegou a ter problema de saúde, mas se continuasse como estava, poderia ter", conta a avó Cleuza.

José Ricardo hoje pesa 58 quilos e está acima do que deveria, de acordo com a especialista que o acompanha. O menino diz que é "difícil" emagrecer. "Sinto vontade de comer besteira, sinto falta das frituras, de coxinha", contou ao G1. A avó afirma que foi complicado fazê-lo abandonar o hábito de comer sempre com farofa como acompanhamento. "Ele gostava muito, mas não pode."

Pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou que quase metade da população brasileira (49%) com 20 anos ou mais está com excesso de peso. Entre as crianças de 5 a 9 anos, uma em cada três (33,5%) tem excesso de peso e 14,3% são obesas. Já entre os adolescentes de 10 a 19 anos, 20,5% têm excesso de peso e 4,9% apresentam obesidade.

A irmã de José Ricardo, Larissa, de 14 anos, também briga com a balança. O problema deles não é genético, segundo a avó. Ela chegou a pesar 94 quilos. Em dois anos, desde que entrou em um projeto para ajudar crianças e adolescentes obesos, emagreceu 20 quilos. Hoje está com pouco mais de 76 quilos, ainda acima do considerado normal para sua idade. "Estou me sentindo bem melhor agora", conta Larissa, que afirma que tenta comer em menor quantidade os alimentos que engordam.

A avó afirma que a mudança nos hábitos alimentares da neta foi radical. "Antes ela comia quatro pedaços de pizza, agora come um e meio. Ela gosta de comer besteira, mas sabe que não faz bem."

Júlia Lavorenti tem 10 anos e pesa 53 quilos. Ela está acima do peso. A avó Maria Morena Lopes conta que a menina começou a engordar aos 6, 7 anos. "Ela comia certinho, na hora do almoço. A gente não dava besteira. Mas depois que a irmãzinha nasceu, acho que ela ficou com ciúme e começou a comer doces escondida. Ela subia nas cadeiras da cozinha e comia escondida bolacha, chocolate, brigadeiro. Chegava a esconder os papéis do chocolate para a gente não brigar. Cheguei a suspeitar que tinha tireóide, mas não era. Ela foi engordando aos pouquinhos", conta a avó.

A saída para ajudar Júlia foi cortar as besteiras. "Na lancheira da escola, a mãe só coloca lanche natural, fruta, todos os dias."


Júlia, de 10 anos, pesa 53 kg e está acima do peso. Ela participa de projeto que incentiva mudança de hábitos alimentares e prática de exercícios (Foto: Daigo Oliva / G1)Projeto
José Ricardo, Larissa e Júlia participam das atividades do Instituto Movere, na Zona Leste de São Paulo, que ajuda crianças e adolescentes de baixa renda que lutam contra a obesidade. Em atuação desde 2004, o projeto atua para reeducação dos hábitos alimentares e incentivo a atividades físicas. Três vezes por semana, as crianças participam das atividades, que inclui aula de culinária com alimentos saudáveis.

A presidente da entidade Vera Lúcia Perino Barbosa, especialista em Nutrição Infantil, diz que os pais não devem proibir alimentos gordurosos, mas sim controlar a quantidade. "Tudo o que se proíbe é mais gostoso. Sentindo falta de coxinha, pode comer. Faz um dia da coxinha em casa, duas para cada pessoa da família. Não pode é todo dia. É preciso controlar a quantidade e incentivar a prática esportiva."

Vera afirma que o excesso de peso deve ser controlado o quanto antes para evitar problemas cardíacos precoces.

saiba mais

- Em 10 anos, obesidade pode atingir 2/3 dos brasileiros, diz Temporão- Reação à obesidade tem se limitado a discurso repetitivo, diz especialista
A nutricionista conta que o projeto tenta mostrar aos pais que eles são fundamentais para a mudança da cultura que favorece o aumento das crianças acima do peso. "Não se pode falar que os pais tenham culpa. Mas em muitos casos os pais suprem a falta de tempo com alimentos. Trocam o afeto, o carinho, por alimento. É preciso mudar esses pré-conceitos. Não posso levar um livro e ler junto com o meu filho?", comentou a nutricionista.

A endocrinologista Rosana Radominski, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), comenta que o aumento das pessoas acima do peso é "sinal da modernidade". "Há um aumento do sedentarismo por causa da violência, da comunicação pela internet. Ao mesmo tempo não se tem comida saudável por causa da falta de tempo."

Para ela, é essencial investir na prevenção da obesidade infantil. "Aí, é que está o foco. É mais barato investir na prevenção. O problema são as doenças que vêm junto, excesso de colesterol, hipertensão, piora da asma, sono, mau rendimento escolar. A saída é uma mudança na forma de pensar. Criança gordinha não é criança saudável. É preciso estimular amamentação, peso saudável na gestação, mastigação adequada. A criança precisa voltar a brincar, estimular os exercícios. Pular corda tem que voltar a ser moda".

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Brasileiro está mais gordo, de acordo com nova pesquisa do IBGE

A população brasileira está ficando mais gorda, em velocidade acelerada. O excesso de peso já atinge metade da população adulta; uma em cada três crianças (de 5 a 9 anos); e um quinto dos adolescentes no País, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Hoje, o instituto divulgou o levantamento Antropometria - Estado Nutricional de Crianças, Adolescentes e Adultos no Brasil - da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009.
Para o levantamento, foram entrevistadas 188.461 pessoas, sendo 93.175 homens e 95.286 mulheres, entre maio de 2008 e maio de 2009. A população acima do peso está espalhada em todas as regiões, com leve prevalência no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O problema atingiu cerca de metade dos adultos em todas as regiões, com destaque para o Sul (56,8% dos homens, 51,6% das mulheres) e Sudeste (52,4 e 48,5% para homens e mulheres respectivamente). Os menores índices de sobrepeso para homens estão no Nordeste (42,9%) e, para mulheres, no Centro-Oeste (45,6%). Entre as mulheres, a obesidade atingia quase um quinto das mulheres no Sul (19,2%) e a participação dos obesas nas populações das regiões só esteve abaixo dos 10% para as moradoras do Nordeste (9,9%).
Ainda segundo o levantamento, o aumento de peso em adolescentes de 10 a 19 anos foi contínuo nos últimos 34 anos, e foi mais freqüente em áreas urbanas do que em rurais, em ambos os sexos.
O IBGE informou ainda que, na população de 20 anos ou mais, o sobrepeso no sexo masculino saltou de 18,5% em 1974-1975 para 50,1% em 2008-2009. No sexo feminino, o avanço foi menos intenso, e a participação saltou 28,7% para 48%, no mesmo período.
Embora o instituto tenha detectado pessoas com excesso de peso em todas as faixas de renda, entre os homens a concentração de pessoas mais obesas é maior no grupo dos 20% mais ricos, entrevistados para a análise. Entre os homens adultos, 61,8% dos 20% mais ricos estavam acima do peso, ante 36,9% no grupo dos 20% com menor rendimento. No caso das mulheres, as proporções ficaram em 47,4% e 45%, nos grupos das 20% mais ricas e das 20% mais pobres, respectivamente. Entretanto, a obesidade atingia quase um quarto (23,6%) das crianças do sexo masculino de maior renda - sendo que alcançava 10,8% das crianças em faixa de renda menos elevada.
O levantamento também mostrou que a altura mediana dos brasileiros jovens está praticamente coincidente com a curva padrão recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O declínio do déficit de altura é um dos fatores que servem para medir a redução na desnutrição infantil, e a pesquisa confirma a progressiva redução desse problema. Entre as pesquisas de 1974-1975 a de 2008-2009, a predominância de déficit de altura em ambos os sexos em crianças de 5 a 9 anos recuou de 29,3% para 7,2%.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010


Refeição em família ajuda a prevenir obesidade infantil


Além de ter o prato repleto de verduras e legumes, ter mais refeições em família pode ser o segredo para prevenir a obesidade infantil, de acordo com estudo feito pela Universidade Harokopio, na Grécia. Segundo os especialistas, a análise de mais de mil crianças mostrou que aquelas que comiam à mesa com os pais e consumiam mais vegetais eram mais saudáveis do que as crianças que não tinham esses hábitos alimentares.

O estudo recentemente publicado no Journal of Pediatrics contou com a análise de dados de crianças com idades entre nove e treze anos. Assim, os pesquisadores puderam observar que as famílias que normalmente preparavam o almoço e o jantar - ao invés de investirem em lanches nessas refeições - eram mais propensas a terem maior ingestão de vegetais e de terem seus filhos à mesa durante as refeições. E esse padrão alimentar foi associado à crianças com um menor índice de massa corporal (medida do peso em relação à altura), menor circunferência da cintura e menos gordura corporal. Os outros quatro padrões identificados foram: "alimentação desregrada, consumo de fast food e alimentos açucarados e estilo de vida sedentário"; "alimentação rica em fibras"; "café da manhã constante", e "exercícios físicos, consumo de frutas e vegetais". Porém, esses padrões não tiveram efeitos positivos nesse sentido.

De acordo com os pesquisadores, ainda não está claro porque apenas o padrão "refeições familiares/ vegetais" foi associado a um menor peso das crianças. Entretanto, eles destacam que os hábitos de se ter refeições em família e de cozinhar pode significar que as crianças tenham maior adesão à tradicional dieta mediterrânea - rica em vegetais, azeite de oliva, grãos integrais e peixes. Apesar de as crianças do estudo terem sido avaliadas uma única vez, os pesquisadores destacam que esse padrão alimentar pode ser uma "potencial abordagem preventiva" para combater a obesidade infantil.
Para combater à obesidade infantil

Além de se sentar à mesa com seu filho para fazer as refeições, pequena hábitos podem ajudá-lo a se alimentar de maneira mais saudável. Confira as dicas abaixo da nutricionista Roberta Stella, do Dieta e Saúde.

- Prato do tamanho certo: durante o crescimento do bebê, é normal observar mudanças na quantidade de alimentos ingerida. No primeiro ano de vida, a criança apresenta um rápido desenvolvimento. Após completar um ano, a velocidade de crescimento diminui e, consequentemente, a quantidade de alimentos ingerida tende a ser menor. Por isso, não vale ficar preocupada se o seu filho começa a ingerir menos alimentos do que você espera.

- Horários regrados: se o almoço na sua casa é ao meio-dia, nem pense em dar uma mamadeira para a criança perto desse horário. Claro que o apetite vai sumir. As refeições realizadas junto à família incentivam a criança a comer e despertam o apetite dela para alimentos diferentes. Por isso, é importante incluir sempre sabores novos no cardápio e experimentá-los na companhia do seu filho.

- Dê exemplo: os hábitos alimentares da família servem de exemplo para a criança. Se as pessoas ao redor consomem refrigerantes, frituras, salgadinhos e, oferecem à criança frutas, sucos e legumes, certamente, ela terá mais resistência para aceitar esses alimentos que não são hábitos da família.

- Espante a preguiça: parece loucura, mas algumas crianças têm preguiça de comer. Entretidas com outras atividades, elas não sentem a menor vontade de interromper a brincadeira para exercitar a mastigação ainda mais quando o prato está muito cheio e o tempo perdido pode ser grande. Para ajudar nesse problema é ideal usar o aumento gradual na quantidade de comida e gratificações logo após as refeições. Brincadeiras também são bem vindas.

- Cozinhem juntos: prepare o menu com a ajuda da criança. Peça sugestões para ela, mas não deixe de direcionar o cardápio. Use a oportunidade para mostrar a importância balancear as refeições, consumir alimentos saudáveis e restringir aqueles mais calóricos e com menor qualidade nutricional.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Chimarrão, café ou chocolate quente?

No frio, elas são as bebidas preferidas dos brasileiros. E têm muito em comum: são responsáveis por uma sensação de bem-estar e auxiliam no combate a doenças. Mas se consumidas em exagero, também podem levar ao vício, aumento da pressão arterial e reduzir a absorção de ferro e de outros nutrientes. O jeito é consumir com moderação.


Lilo Barros, especial para a Gazeta





Chimarrão

Tem como base a erva-mate, que ajuda na prevenção do envelhecimento precoce, atua como cicatrizante e facilita o emagrecimento. “Mas é importante reforçar que as pessoas devem ter hábitos saudáveis de vida, como comer bem e fazer exercícios”, explica a bióloga Luciana Nowacki, mestre em farmacologia, que há cinco anos estuda os efeitos da planta.
Por outro lado, a erva do chimarrão pode causar insônia. Ela também tem um alto grau diurético, promovendo a eliminação de grandes quantidades de nutrientes do corpo. Como é consumida muito quente, a bebida pode provocar a perda parcial do paladar e favorecer a formação de tumores na boca e no esôfago. A água do chimarrão não pode chegar ao ponto de ferver.

Chocolate quente

Vilão das dietas, por ser muito calórico, o chocolate é mocinho na luta contra o estresse, depressão e mau humor. Ele está ligado a uma sensação de satisfação e bem-estar. Quem afirma é o nutrólogo Marco Cassou, que alerta: “como qualquer outro produto, é preciso ter cuidado com a origem e a qualidade desse chocolate”. Quanto mais amargo, mais cacau ele tem, o que previne os efeitos do envelhecimento precoce e as doenças do coração.
Pessoas mais sensíveis a alguns de seus componentes, como a lactose, podem sofrer de irritações na pele, estômago e intestino. O consumo em excesso pode ainda provocar diarreia. Quem tem problemas no fígado e diabete deve ter cuidado redobrado, por causa dos níveis de gordura e açúcar. “O chocolate pode não ser a causa da acne, mas favorece o surgimento delas”, acrescenta a nutricionista Luisa.


Café


“Ele é um estimulante que causa bem-estar, vigor e também resistência para exercício físico”, esclarece a nutricionista Luisa Amabile Wolpe Simas, professora das Faculdades Integradas Espírita. Além disso, a bebida ajuda no combate à depressão, doenças do coração, emagrecimento e prevenção de alguns tipos de câncer. E sim, o cafezinho com açúcar ameniza os efeitos do excesso de álcool.

Já doses elevadas de café podem gerar taquicardia, insônia, ansiedade, aumento da pressão arterial e problemas gástricos, como azia. A adição de açúcar pode intensificar alguns desses problemas. “A diferença do café descafeinado, que não tem cafeína, para o normal é que ele não estimula tanto o corpo. Só que pra retirar essa cafeína dos grãos são utilizados alguns produtos que podem ser mais nocivos à saúde”, pondera Luisa.