domingo, 20 de junho de 2010

10 PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL - CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS


O Ministério da Saúde e a Sociedade Brasileira de Pediatria estabeleceram, para crianças menores de dois anos, dez passos para a alimentação saudável.

Passo 1. Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou quaisquer outros alimentos.

Passo 2. A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo o leite materno até os dois anos de idade ou mais.

Passo 3. Após os seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, leguminosas, frutas, legumes), três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao dia, se estiver desmamada.

Passo 4. A alimentação complementar deverá ser oferecida sem rigidez de horários, respeitando-se sempre a vontade da criança.

Passo 5. A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida com colher; começar com consistência pastosa (papas/purês) e, gradativamente, aumentar a consistência até chegar à alimentação da família.

Passo 6. Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é, também, uma alimentação colorida.

Passo 7. Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.

Passo 8. Evitar açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.

Passo 9. Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos; garantir o seu armazenamento e conservação adequada.

Passo 10. Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimentação habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.


quarta-feira, 16 de junho de 2010

Educação alimentar na hora do recreio




Ava de Freitas Revista Nova Escola – 06/2010




Todo mundo sabe da importância de comer bem: traz benefícios para a saúde, ajuda a nos manter ativos para realizar as tarefas do dia a dia e melhora até o humor. Uma alimentação saudável é aquela que reúne todas as substâncias químicas de que o corpo precisa para funcionar corretamente. Requer muita diversidade de ingredientes em todas as refeições, com equilíbrio entre carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. Na escola, um espaço ocupado por crianças e jovens, isso se torna ainda mais relevante. Porém todo mundo sabe que a oferta de alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro das escolas costuma ficar bem abaixo do desejável. Por questões de praticidade, custo e armazenamento, é mais fácil encontrar produtos industrializados, que têm prazo de validade maior - mas causam mais danos à saúde que os alimentos in natura. O domínio dos salgadinhos, doces e chocolates, porém, já é questão de saúde pública. Há dois anos, a Sociedade Brasileira de Pediatria publicou uma compilação de diversos estudos sobre o tema, que mostra que o aumento do número de crianças com excesso de peso varia de 10,8% a incríveis 33,8% conforme a cidade ou região. Diversos outros problemas, como diabetes, hipertensão arterial, alterações ortopédicas e elevação dos níveis de colesterol e triglicerídeos, têm se tornado frequentes entre a garotada. "O fato é que na escola se formam as bases do comportamento no que diz respeito à alimentação", diz a nutricionista Nina Flávia de Almeida Amorim, responsável técnica pelo projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição da Universidade de Brasília (UnB). Ela ressalta que, em média, as crianças consomem de 25 a 33% das calorias diárias no ambiente escolar, entre merenda e lanche, desde a hora em que chegam para a aula até o momento em que voltam para casa. A preocupação com esse tema fez com que muitos estados e cidades aprovassem leis sobre o que pode (e não pode) ser oferecido nas cantinas escolares. Em abril, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados aprovou um projeto que obriga creches, pré-escolas e instituições de Ensino Fundamental, públicas e privadas, a comercializar apenas alimentos saudáveis. A proposta tramita agora no Senado e, por mais que o texto original da lei não cite explicitamente quais são os heróis e os vilões na hora do lanche, está claro que salgadinhos, refrigerantes, biscoitos, balas e chicletes, bem como outros produtos industrializados ricos em gordura, açúcar e sal, entrarão na lista dos proibidos, a ser definida pelas autoridades sanitárias (confira nas ilustrações que acompanham esta reportagem os benefícios de cada grupo alimentar - e também os riscos que os produtos industrializados oferecem às crianças). SAUDÁVEIS E SABOROSOS Não é preciso impor sacrifícios para oferecer um cardápio nutritivo e atraente. A chave é apresentar diferentes grupos alimentares. Pães e torradas - Oferecem energia para o organismo por serem ricos em carboidratos, que dão a sensação de saciedade. É importante prestar atenção na quantidade de açúcar refinado entre os ingredientes. Frutas - São fonte de vitaminas, potássio, fibras e bioflavonoides (pigmentos com propriedades antioxidantes). Maçã, manga, banana, mamão, uva e morango devem estar sempre presentes na hora do lanche. Cereais - Ricos em fibras, os cereais matinais e as tradicionais barrinhas ajudam a manter baixo o nível de colesterol ruim, melhoram o trânsito intestinal e garantem a sensação de saciedade por um longo tempo. Sucos, água e água de coco - Hidratar-se é fundamental. A água deve ser bebida quase gelada para facilitar a absorção. Os sucos são ricos em minerais e eletrólitos, que prolongam a hidratação. E a água de coco, fonte de potássio, é reidratante. Leite e derivados - Contam com altas doses de cálcio, fundamental para os ossos. O iogurte natural traz ainda mais proteínas. O queijo branco tem mais cálcio que o leite. E nos queijos amarelos sobram as vitaminas A e D. VILÕES DA ALIMENTAÇÃO Pobres em nutrientes e ricos em gordura, sódio e açúcar, os produtos industrializados já foram banidos em alguns estados e municípios que têm leis sobre as cantinas escolares Salgadinhos e frituras - O principal problema dos salgadinhos de pacote são os altos índices de sódio, que podem provocar a elevação da pressão arterial. Já as frituras têm muita gordura, que colabora para o ganho de peso. Refrigerantes e sucos artificiais - Bebidas com alto teor de açúcar são pobres em fibras e micronutrientes. Contêm aditivos (como os corantes) e sódio. São considerados grandes vilões do sobrepeso e de novas cáries. Maionese, Ketchup e mostarda - Além de muito calóricos, têm altos teores de gordura total e de gordura saturada, açúcar, sódio e aditivos químicos. Por não conter fibras nem micronutrientes (vitaminas e minerais), podem causar a elevação da pressão arterial. Balas, pirulitos e chicletes - São alimentos com pouco ou nenhum valor nutricional e elevado teor de açúcar. Por isso, provocam ganho de peso e cáries. O excesso de açúcar eleva os níveis de colesterol e pode provocar problemas cardíacos. Biscoitos recheados - Como quase todos os alimentos desse grupo, têm muitas calorias, açúcar e gorduras - e poucas fibras e micronutrientes. A indústria vem tentando reduzir a taxa de gordura trans, um fator de risco para doenças do coração. Chocolate - São alimentos com grande concentração de gordura, ácidos graxos saturados e sódio. Seu consumo excessivo pode causar problemas de saúde, como colesterol alto, excesso de peso e doenças cardiovasculares. A CHANCE DE PAIS, PROFESSORES E ALUNOS REFLETIREM SOBRE O TEMA: A primeira lei sobre o assunto entrou em vigor em 2001, em Santa Catarina. No Paraná, a regulamentação específica passou a valer em 2004. "O grande mérito da lei foi provocar uma reflexão sobre o tema entre professores, alunos e pais", destaca Márcia Stolarski, nutricionista da Coordenadoria de Alimentação e Nutrição Escolar, ligada à Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Segundo ela, hoje é possível observar uma melhora na alimentação das crianças, mas isso não veio de forma tranquila. "Muitos alunos começaram a levar refrigerantes, salgadinhos e bolachas recheadas de casa. E não só para o consumo próprio: também para vender para os colegas." Em paralelo, aumentou o número de vendedores ambulantes perto das escolas. "Eles passaram a vender tudo o que tinha sido proibido", lembra Leonilda Palmonari Metri, diretora da EE Nossa Senhora de Fátima, em Curitiba. Além disso, caiu a receita gerada pela cantina (espaço que, nas escolas públicas, é administrado direta ou indiretamente pela APM e cujos recursos ajudam a financiar pequenos gastos). "No nosso caso, perdemos cerca de 30% num primeiro momento." Curiosamente, quando havia frutas no cardápio da merenda escolar, a aceitação era sempre boa - mas a oferta na cantina demorou a ser bem aceita. Cleliani de Cassia da Silva, especialista em nutrição, saúde e qualidade de vida da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no interior de São Paulo, reforça o papel da comunidade em relação a essa questão. "Em idade escolar, todos querem os mesmos alimentos que os colegas. Muitos têm vergonha de levar lanche de casa", explica ela. É por isso que bons exemplos fazem toda a diferença na promoção da alimentação saudável. Não adianta proibir a venda de doces se os professores mascam chicletes na frente da turma. A chave para o sucesso é a coerência (veja no quadro abaixo uma lista de ações simples que toda escola pode adotar). "Só retirar os alimentos não saudáveis da cantina não muda a situação. São necessárias ações focadas nas crianças, nos pais, nos funcionários e assim por diante", insiste Estela Marina Alves Boccaletto, da Faculdade de Educação Física da Unicamp. Daí a importância de envolver na discussão os responsáveis pelo preparo dos alimentos vendidos nas cantinas. A UnB mantém desde 2001 o projeto A Escola Promovendo Hábitos Alimentares Saudáveis. Uma de suas principais ações é capacitar os cantineiros e ajudá-los a transformar seu mix de produtos de forma a compor um cardápio com alimentos mais saudáveis e que, ao mesmo tempo, agucem o paladar da garotada. Nina Amorim reconhece que dá mais trabalho fazer isso a continuar comprando salgadinhos de pacote, biscoitos, balas e chocolates. "Mais de uma vez, fomos criticados e até agredidos verbalmente por donos de cantinas que acham que vão quebrar com essa mudança", conta ela. "Mas, à medida que vamos apresentando alternativas, todos percebem que é possível trocar os itens prontos de longa validade por opções mais saudáveis. Algumas das opções mais populares do curso são gelatinas com pedaços de frutas, barrinhas caseiras de frutas e cereais, sanduíches naturais (sem maionese), salada de frutas, bolos enriquecidos com frutas e, claro, a valorização de ingredientes típicos de cada região do país, como tapioca, açaí e milho verde. Estela Boccaletto, da Unicamp, diz que tão importante quanto as leis é cada escola tomar para si seu papel de valorização da Educação como um todo. "É preciso ver as crianças e os jovens em sua plenitude e colaborar com seu crescimento, desenvolvimento e potencial. Para que isso ocorra, todos têm de estar preparados e ajudar os estudantes a fazer opções saudáveis nas refeições."



O QUE A ESCOLA PODE FAZER - Definir com a Associação de Pais e Mestres (APM) o que pode ser vendido e o que deve ser vetado na cantina e zelar pelo cumprimento do acordo. - Esclarecer os pais sobre a importância da boa alimentação e estimulá-los a cuidar da rotina alimentar dos filhos. - Trabalhar para conscientizar docentes e funcionários sobre a necessidade de oferecer bons exemplos aos alunos. - Incluir a alimentação saudável como um conteúdo transversal permanente das áreas do conhecimento.

terça-feira, 1 de junho de 2010

INTRODUÇÃO DE NOVOS ALIMENTOS



A introdução de alimentos na dieta da criança após os seis meses de idade deve complementar as numerosas qualidades e funções do leite materno, que deve ser mantido preferencialmente até os dois anos de vida ou mais. Além de suprir as necessidades nutricionais, a partir dos seis meses a introdução da alimentação complementar aproxima progressivamente a criança aos hábitos alimentares de quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e saberes.
O grande desafio do profissional de saúde é conduzir adequadamente esse processo, auxiliando a mãe e os cuidadores da criança de forma adequada, e estar atento às necessidades da criança, da mãe e da família, acolhendo dúvidas, preocupações, dificuldades, conhecimentos prévios e também os êxitos, que são tão importantes quanto o conhecimento técnico para garantir o sucesso de uma alimentação complementar saudável. Para tal, a empatia e a disponibilidade do profissional são decisivas, já que muitas inseguranças no cuidado com a criança não têm “hora agendada” para ocorrer e isso exige sensibilidade e vigilância adicional não só do profissional procurado, mas de todos os profissionais da equipe, para garantir o vínculo e a continuidade do cuidado. Considera-se atualmente que o período ideal para a introdução de alimentos complementares é após o sexto mês de vida, já que antes desse período o leite materno é capaz de suprir todas as necessidades nutricionais da criança. Além disso, no sexto mês de vida a criança já tem desenvolvidos os reflexos necessários para a deglutição, como o reflexo lingual, já manifesta excitação à visão do alimento, já sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher, e tem-se o início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação. A partir do sexto mês a criança desenvolve ainda mais o paladar e, conseqüentemente, começa a estabelecer preferências alimentares, processo que a acompanha até a vida adulta.
O sucesso da alimentação complementar depende de muita paciência, afeto e suporte por parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a contribuir positivamente nessa fase. Se durante o aleitamento materno exclusivo a criança é mais intensamente ligada à mãe, a alimentação complementar permite maior interação do pai, dos avôs e avós, dos outros irmãos e familiares, situação em que não só a criança aprende a comer, mas também toda a família aprende a cuidar. Tal interação deve ser ainda mais valorizada em situações em que a mãe, por qualquer motivo, não é a principal provedora da alimentação à criança. Assim, o profissional de saúde também deve ser hábil em reconhecer novas formas de organização familiar e ouvir, demonstrar interesse e orientar todos os cuidadores da criança, para que ela se sinta amada e encorajad a entender sua alimentação como ato prazeroso, o que evita, precocemente, o aparecimento de possíveis transtornos psíquicos e distúrbios nutricionais. A alimentação complementar deve prover suficientes quantidades de água, energia, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, por meio de alimentos seguros, culturalmente aceitos, economicamente acessíveis e que sejam agradáveis à criança. O profissional de saúde torna-se promotor da alimentação saudável quando consegue traduzir os conceitos, de forma prática, à comunidade que assiste, em linguagem simples e acessível. Assim, na orientação de uma dieta para a criança, por exemplo, devese levar em conta conceitos adequados de preparo, noções de consistência e quantidades ideais das refeições e opções de diversificação alimentar que contemplem as necessidades nutricionais para cada fase do desenvolvimento.



TEXTO COMPLETO: http://www.telessaudebrasil.org.br/lildbi/docsonline/8/1/118-CAB_23_Saude_da_Crianca_em_01_06_09.pdf




Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Saúde da criança: nutrição infantil: aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009.
112 p. : il. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos) (Cadernos de Atenção Básica, n. 23)